Entrevista: Gabriel Bá fala sobre The Umbrella Academy, a HQ e a série!
Estreou hoje na Netflix a série adaptando The Umbrella Academy. A HQ, publicada no Brasil pela Devir, tem arte do brasileiro Gabriel Bá. Aproveitando a ocasião, tivemos um rápido bate-papo com Gabriel sobre a série e a HQ:
Como você se envolveu com Umbrella Academy em primeiro lugar?
Em 2006, recebi um e-mail do editor Scott Allie, da Dark Horse, me convidando para desenhar o projeto. Ele havia mostrado pro Gerard Way dois trabalhos meus (a HQ independente Rock’n’Roll que fiz com Fábio Moon, Bruno D’Angelo e Kako; e Casanova, que eu estava fazendo com o Matt Fraction) e eles acharam que eu seria uma boa escolha para a série. Me enviaram um resumo da história, com alguns desenhos do Gerard, e eu me interessei pelo lado dramático, da relação entre as personagens, tudo isso explorando esse gênero do super-heróis. Além disso, era um trabalho de grande visibilidade e seria meu primeiro trabalho pago de quadrinhos, o que me possibilitou parar de fazer freelances de ilustrações e focar somente nos quadrinhos.
O que você considera que diferencia a HQ de outras publicações do gênero?
A história do Umbrella é sobre uma família tentando superar seus problemas e traumas, mas que por acaso é uma equipe de super-heróis com a tarefa de salvar o mundo. Nós focamos muito mais na relação entre as personagens do que no aspecto dos poderes, dos vilões, dessas besteiras de bem contra o mal. Os leitores já conhecem o gênero de super-heróis e todos seus elementos, suas regras e dinâmicas, o que nos dá liberdade pra pular toda a “parte chata” de introduzir o nosso universo e mergulhar de cabeça direto na história. Todos os irmãos tem problemas, ninguém é perfeito, e isso é algo que os leitores se identificam.
Você teve algum envolvimento com a série? Qual sua expectativa?
Acompanhei todas as etapas da série, desde os roteiros, às filmagens e os cortes editados dos episódios. O Gerard e eu também fomos ao set em Toronto no início das filmagens, conhecemos a equipe inteira. Eu fiz alguns desenhos de personagens, de figurino, de objetos de cena para serem usados na série. É fascinante acompanhar todo o processo por trás de uma produção desse tamanho. É muita gente envolvida. Eu gosto muito das escolhas que o Steve Blackman, o showrunner, fez. As coisas que ele criou, as pequenas mudanças que ele fez para poder contar a história numa minissérie de 10 episódios. Tenho certeza que as pessoas vão gostar.
Pode nos falar um pouco sobre Hotel Oblivion, a atual minissérie publicada nos Estados Unidos?
Como já diz no título, apresentamos o Hotel Oblivion, que é uma prisão onde Hargreeves (o fundador da equipe, Sir Reginald Hargreeves) enviava os vilões quando eram capturados. O Hotel fica num planeta em uma outra dimensão, então não há como escapar de lá. No final de Dallas (a segunda minissérie), todos os irmãos seguiram caminhos diferentes, então começamos nossa história com cada um deles na sua própria jornada. Assim como fizemos nas duas primeiras minisséries, não há muita explicação sobre o que aconteceu antes, já jogamos os leitores direto na história. O bonde já está andando, digamos assim, e nós não vamos parar. Nessa história, vamos apresentar novas personagens, revelar alguns elementos do passado e dar novas peças pra montar um quebra-cabeças muito maior, que levará ainda alguns anos pra ficar completo. Essa é a história de proporções mais épicas que contamos até o momento.
Para finalizar, parece que Gerard Way comentou que ainda planeja cinco volumes da HQ. Pode nos adiantar se é isso mesmo?
O Gerard tem a história inteira pensada desde que começamos a trabalhar nela. Já faz alguns anos que ele me contou tudo que vai acontecer, pra que a gente possa planejar juntos como mostrar tudo isso nos quadrinhos da melhor maneira possível. Se a série de TV for um sucesso e tiver novas temporadas, é uma motivação a mais pra continuar a produzir a HQ. Queremos contar essa história até o fim, mas isso vai levar um tempo. O Gerard e eu temos projetos paralelos, mas não queremos demorar tanto tempo entre uma minissérie e outra. Todos têm que ter paciência. A ideia é engatar uma na outra, devagar e sempre.