Sonic: um acerto inesperado!
Uma coisa que praticamente sempre deu errado nos jogos de Sonic foi misturar o personagem com seres humanos. E, embora seja uma “tradição” nos cinemas, principalmente em adaptações de animações antigas com o protagonista recebendo o devido upgrade para computação gráfica, isso também quase sempre dá errado nos filmes.
Então, não foi surpresa a decepção de muitos quando o filme de Sonic surgiu com uma história passada na Terra, ainda mais com o visual bizarro do personagem no primeiro trailer. Felizmente, a Paramount Pictures ouviu as reclamações e remodelou o ouriço, o deixando bem parecido com a versão dos jogos. E, de resto, quem diria, o filme é bom!
Num clima de humor que transita entre o filme família e uma comédia mais agitada, com muita ação, Sonic: O Filme é uma grata surpresa e um grande feito de Jeff Fowler, em sua estreia como diretor de longa-metragem.
A trama é simples: Sonic (voz de Ben Schwartz) é capaz de produzir uma energia poderosíssima com sua supervelocidade, o que o torna alvo de todo o tipo de criatura mal intencionada. Por isso, usa os famosos anéis dourados do jogo, aqui portais entre mundos, para fugir de seu lar e se refugiar na Terra.
Tudo vai bem até que ele acidentalmente libera uma grande descarga da energia e por isso se torna alvo do cientista louco Dr. Robotnik (Jim Carrey). Assim, o velocista precisa contar com a ajuda do Xerife Tom (James Marsden) para encontrar seus anéis de ouro perdidos e sobreviver aos ataques das máquinas de Robotnik.
A dublagem original de Schwartz dá bastante identidade para o personagem, que logo cativa o espectador, mesmo nas poucas cenas um tanto piegas. O ator vem mostrando seu talento na TV, nas versões atuais de DuckTales e Tartarugas Ninja.
Jim Carrey parece ter entrado numa máquina do tempo e voltado para a década de 1990, ficando bem à vontade num papel que remete às comédias que o fizeram famoso, cheio de exageros, gritos, caras e bocas. Ou seja, o ideal para um personagem caricato como Robotnik.
Até mesmo o péssimo James Marsden se sai… Não ouso dizer bem, pois disso o ator parece nunca ser capaz, mas está deveras menos ruim do que na maioria de seus papeis. Está bem, talvez pela primeira vez ele não esteja insuportável em cena.
Ainda que se passe quase inteiramente na Terra, o filme sabe tratar bem os fãs das antigas com algumas homenagens e uma cena pós-crédito que arrancou alguns gritos de empolgação dos presentes na cabine de imprensa.
Quem diria que um filme que parecia um desastre total no ano passado, seria uma produção tão divertida e certeira, afinal? Com certeza, eu não. E fico feliz por ter errado.