Os acertos e erros de Pânico VI!
A franquia Pânico sempre foi sobre recomeços. A premissa de que várias pessoas usaram a fantasia de Ghostface com diferentes motivações, ajudou a criar uma mitologia mais aberta, possibilitando inovações. A cada filme, as regras mudavam, sempre brincando com a estrutura e clichês dos filmes de terror. Regras para continuações, para o fim de uma trilogia, para reboots. Ao meu ver, o quarto filme foi o único grande fracasso da série, falhando em renovar a saga com um soft reboot, algo que aconteceu de fato, e com sucesso, no quinto longa. E agora estamos na continuação do reboot, onde as regras mudam mais uma vez.
Pela primeira vez não temos a outrora estrela da franquia, a Sidney de Neve Campbell. E o motivo de sua saída não foi criativo, simplesmente não existiu um acordo sobre o cachê que ela pediu. Porém, a saída aconteceu no momento mais oportuno possível, depois da introdução de Sam Carpenter (Melissa Barrera) no quinto filme. A personagem renovou as ligações com a produção original de uma maneira interessante e trouxe com ela todo um novo elenco de sobreviventes/suspeitos. Jenna Ortega também estreou no quinto filme como a irmão de Sam, Tara, mas estava mais apagada. Depois da atriz estourar com Wandinha e X: A Marca da Morte, é óbvio que ganhou mais destaque, dividindo o protagonismo com Barrera. E isso fez muito bem para a franquia, pois as duas personagens apresentam uma dinâmica divergente.
Outra grande mudança no sexto filme é a localização. A ação finalmente sai da pequena e fictícia Woodsboro e vai para Nova York, imitando os passos do oitavo Sexta-Feira 13. Todas essas inovações criam um filme que consegue enganar (no bom sentido) o espectador, passando um ar de que tudo pode realmente acontecer. A cena introdutória de Pânico VI é um bom exemplo disso: parece entregar as novas regras de bandeja, logo depois desvirtuando tudo e reestabelecendo o mistério., atiçando nossa curiosidade.
Mais do que nunca, a sensação de que qualquer um pode ser o novo Ghostface predomina. O retorno de Kirby Reed (Hayden Panettiere) causa uma bem-vinda estranheza. Como pensávamos que sua personagem morreu no quarto filme, sua presença contribui para o cenário de “tudo é possível”. Ela e a veterana Gale Weathers (Courteney Cox) passam o peso de 27 anos de carnificina, mas o palco realmente é da nova geração.
Mas Pânico VI não é só acertos. Por um lado, nos engana o tempo todo com pistas falsas, personagens ambíguos, alimentando teorias em nossa mente. Por outro, quando a identidade e motivações do novo Ghostface são apresentadas, o nível cai bastante, com explicações mirabolantes que beiram o ridículo. Enquanto a evolução das irmãs Carpenter é um grande acerto que promete manter a franquia interessante em novas e inevitáveis continuações, quase tudo no novo Ghostface se prova bobo e anticlímax, chegando bem perto de estragar um dos (até este ponto) mais envolventes exemplares da franquia.