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Gênero Queer: uma jornada autobiográfica!

Com seu despretensioso trabalho de estreia, que começou a ser feito numa aula de faculdade para explicar sua identidade de gênero e sua sexualidade para os amigos, Maia Kobabe desencadeou um debate que incendiou os Estados Unidos. Gênero Queer: Memórias chega ao Brasil pela Editora Tinta-da-China Brasil no Mês da Visibilidade LGBTQIA+ para qualificar o debate em torno da teoria de gênero e estimular o acesso de jovens brasileiros a narrativas escritas por pessoas LGBTQIA+. A HQ tem 240 páginas no formato 14 x 21 cm, com cores de Phoebe Kobabe e tradução de Clara Rellstab. O preço é de R$ 99.

Quando Maia Kobabe nasceu, no fim dos anos 1980, nas imediações de San Francisco, foi identificade como menina. Desencanada e hippie, sua família não parecia se preocupar muito com os códigos de gênero na educação dos filhos. Assim que passou a conviver com outras crianças, Maia notou que nada daquilo que teimava em encaixar seu corpo e personalidade no gênero feminino — roupas, brinquedos, gestos, pronomes — correspondia à sua autoimagem. Por que uma menina não pode nadar sem camiseta? Na adolescência, Maia percebeu que o seu desejo também não seguia o roteiro-padrão das descobertas sexuais: sentia uma inexplicável atração por colegas andrógines e não conseguia ficar com ninguém. Esse e outros dilemas da adolescência — Maia não sabia por que “precisava” raspar os cabelinhos da perna ou usar maiô, sentia pânico diante da menstruação e das primeiras consultas no ginecologista, descobriu tardiamente seu gosto pela leitura (e logo depois se apaixonou pela literatura queer) — são narrados no livro em tom afetivo e sincero, nos transportando para perto de Maia.  

Maia saiu do armário duas vezes: primeiro, como bissexual, durante o ensino médio. Mais tarde, na faculdade, como assexual (alguém que não sente ou sente pouca atração sexual por outra pessoa, independentemente de gênero), queer e não binárie (que não se identifica com o gênero masculino nem com o feminino). Nesta HQ autobiográfica, Maia narra esse processo de questionamento dos padrões de gênero, transição e afirmação, até adotar o gênero queer — palavra que perdeu seu primeiro sentido, de “não convencional, excêntrico”, para abarcar inúmeras possibilidades.

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