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Gladiador II: uma continuação mais complexa!

Por muito tempo se falou em uma continuação de Gladiador. Dado o fim do filme, não é de se surpreender que pouca gente levasse a ideia a sério. Cá estamos, 24 anos depois, com Gladiador II nos cinemas. É claro que várias pessoas apontaram que se trata de uma sequência desnecessária, algo que sempre rebato dizendo que nenhum filme é necessário. Mas entendo a crítica, pois o longa original fechava bem a trama. E os primeiros trailers da nova produção passavam a errada impressão de um repeteco da mesma historia, só que com outro gladiador. A estrutura básica realmente é parecida, mas Gladiador II ousa mais, pelo menos no início.

Revi o primeiro filme antes de assistir ao novo. Continua uma grande produção, embora as sequências em câmera lenta tenham envelhecido mal. Mas ele tem um grande defeito: uma ingenuidade exagerada do ponto de vista político, com o próprio Imperador que subjugou vários povos, agora sonhando com uma Roma melhor. Acaba passando quase despercebido porque o roteiro foca mais na vingança do General Maximus. Em Gladiador II, as coisas pioraram em Roma nos 16 anos que se passaram desde a última história. E esse é o principal elemento que torna a continuação diferente: ela é mais completa, em tons de cinza, menos inocente. Isso em boa parte da duração, mas ao final escorrega num idealismo artificial.

Paul Mescal é o protagonista, Hanno, capturado na África depois de perder sua esposa, disposto a lutar como gladiador para se vingar. É um personagem mais humano e simpático do que Maximus, que transmitia um peso quase messiânico. Pedro Pascal vive o General Acacius, responsável pelo ataque que destruiu a vida de Hanno, mas longe de ser o vilão. As camadas de seu personagem e sua relação indireta com Hanno são elementos que fazem muita diferença. Mas quem rouba mesmo a cena é Denzel Washington como Macrinus, o ambicioso dono de Hanno e outros escravos, e quem conduz a trama de verdade, unindo um personagem bem escrito com uma ótima atuação.

Diferente do anterior, Gladiador II se aprofunda mais nos coadjuvantes (incluindo alguns retornos), o que cria um cenário melhor construído, mais envolvente. Não que Paul Mescal faça feio, mas a atual popularidade de Pedro Pascal e o desempenho acima de média de Denzel Washington acabam o ofuscando. Não seria injusto dizer que o primeiro Gladiador era simples demais. O mesmo não ocorre aqui: há subtramas, reviravoltas, mais violência, mas duas coisas incomodam. Como já dito, os tons de cinza do enredo vão se enfraquecendo. Em segundo lugar, faltou uma apresentação mais detalhada do que aconteceu entre os dois filmes, já que tudo no final do primeiro apontava para um lado, e o que aconteceu foi o extremo contrário. Às vezes, um diálogo expositivo vem bem a calhar…

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