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A Sedução do Inocente ganha versão nacional!

Na história dos quadrinhos, nunca houve um vilão tão odiado quanto A Sedução do Inocente, livro lançado em abril de 1954 pelo psiquiatra alemão naturalizado americano Fredric Wertham. Como um verdadeiro arrasa-quarteirão, a obra construída sobre concepções enviesadas e alarmistas levou ao fechamento de dezenas de editoras nos Estados Unidos. A partir de interpretações tendenciosas e casos manipulados de pacientes, o médico forçou a barra para culpar os gibis pelo aumento da delinquência juvenil naquele país depois da Segunda Guerra Mundial. A obra teve tanta repercussão, que levou Wertham a estampar a capa da conceituada revista Time e os editores a atenderem a pressão popular e do Senado americano, criando um código de autocensura nos gibis. Fruto de uma época de radicalismo e preconceitos, A Sedução do Inocente é muito comentado até hoje… embora pouco ou nunca lido por quem coleciona ou estuda os quadrinhos. No Brasil, o livro permanecia inédito, o que muda agora, graças à Editora Noir.

Apesar de ser abominado por muitos fãs da Nona Arte, A Sedução do Inocente é um registro histórico interessantíssimo, que mostra o pensamento vigente na época da Guerra Fria. De quebra, registra o impacto que as revistas em quadrinhos tiveram naqueles tempos, a surpresa que causaram em pais, professores e psiquiatras e o temor de que essa nova mídia influenciasse negativamente a infância e a adolescência norte-americanas. Para a merecida imersão no livro de Fredric Wertham, a Noir reuniu inveterados leitores de quadrinhos, que também são acadêmicos versados em comunicação, psiquiatria e psicanálise. Essa equipe não só traduziu, pela primeira vez, A Sedução do Inocente para o português, como também produziu uma segunda obra que esmiúça os pensamentos de Wertham e lança luzes sobre uma época de trevas e intolerância. A Sedução do Inocente conta com a indicação de centenas de trechos, que são dissecados nas páginas de A Reflexão do Inocente.

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Esse livro complementar, A Reflexão do Inocente, conta com mais de 800 paratextos que dissecam a obra de Wertham, explicando aspectos de suas pesquisas, fatos da época e detalhes do mercado editorial. Também são descritos todos os quadrinhos listados como impróprios pelo psiquiatra; a maioria nunca publicada em nosso país. Os dois livros são vendidos juntos e cada um tem cerca de 400 páginas no formato 22,8 cm x 15,6 cm, já em campanha no Catarse. Os apoios começam em R$ 179 e as recompensas incluem publicações da Noir e da Editora Heroica (responsável pela produção gráfica das obras). O lançamento será em março de 2025.

A coordenação é de Gonçalo Junior (jornalista e editor da Noir) e Jotapê Martins (tradutor, editor, psiquiatra e psicanalista). Nobu Chinen, Doutor em Ciências da Comunicação pela ECA-USP e pesquisador de quadrinhos, foi o responsável pela tradução de A Sedução do Inocente, escrevendo também artigos sobre a obra. Durval Mazzei Nogueira Filho (mestre em psiquiatria e psicanalista) e Francisco Baptista Assumpção Jr. (membro das Academias Paulista de Medicina e de Psicologia) também fizeram parte da análise do livro de Wertham. A produção gráfica ficou por conta de Manoel de Souza e Will, com revisão de Leonardo Vicente Di Sessa e designer das capas por André Hernandez.

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