Lobisomem: suspense e drama bem combinados!
Por muito tempo, a Universal Pictures tentou rebootar seus filmes de monstros, o verdadeiro primeiro universo compartilhado dos cinemas. Os resultados foram frustrantes, tanto para o estúdio quanto para o público. Depois de muita insistência, a Universal mudou a tática, deixando pra lá a ideia de um universo interligado, passando a lançar longas isolados, cada um com propostas diferentes. E deu bastante certo. Em vários casos, o caminho tomado foi o de modernizar uma história clássica, como feito em O Homem Invisível, de 2020, dirigido e coescrito por Leigh Whannell. Satisfeito com o trabalho do cineasta, o estúdio decidiu lhe incumbir a tarefa de resgatar outro monstro clássico. O resultado pode ser visto nos cinemas no novo Lobisomem.
A trama traz a mitologia da licantropia para o presente. Blake (Christopher Abbott, recém-saído do sofrível papel do Estrangeiro em Kraven, o Caçador) embarca numa viagem para o meio do nada para reclamar o lar onde cresceu com seu pai, dado como morto. Com o casamento em crise, ele vê uma oportunidade de se reaproximar da esposa, Charlotte (Julia Garner). Completa a família a filha do casal, Ginger (Matilda Firth). Mal chega ao local e o trio é atacado por uma criatura, passando em seguida por uma noite traumatizante e transformadora.
Lobisomem pende muito mais para o suspense, tendo também seus momentos de terror, mas há ainda o drama. Whannell vem acertando ao desvincular os monstros clássicos de suas caracterizações defasadas, os trazendo para os dias de hoje com ênfase no lado psicológico de suas histórias, sua verdadeira essência. Da mesma maneira que entendeu que O Homem Invisível é sobre abuso, o cineasta deu ênfase em Lobisomem ao sofrimento do protagonista e sua família. Afinal, ser um lobisomem é uma maldição. Isso garante cenas angustiantes e envolventes.
Algumas pessoas podem se incomodar com o visual do lobisomem. Confesso que foi uma das coisas que me incomodaram no trailer – não estava muito esperançoso com o filme, felizmente, mordi a língua. Acontece que Whannell sabiamente escolheu usar apenas efeitos práticos, o que ajuda na composição da atmosfera e também fortalece o suspense, com takes que evitam mostrar a criatura completamente. Diga-se de passagem, de tanto esconderem as coisas, ficou até difícil encontrar boas imagens para ilustrar esta resenha. Mas todas essas decisões se provaram grandes acertos, entregando uma obra que nos deixa tensos quase o tempo todo.
Agora que teci tantos elogios, chegou a hora de apontar um grande problema que chegou perto de destruir todo o ritmo e imersão da narrativa: o relacionamento de Blake com sua filha. Não são poucas as cenas exageradamente piegas e artificiais entre os dois personagens, que destoam de todo o resto apresentado na tela. Por muito pouco isso não desmantelou todo a atmosfera, até porque é um elemento importantíssimo na história. Incomoda bastante, mas os demais elementos são tão bem trabalhados que salvam o todo.
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