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Bloodshot: mais do mesmo num filme sem alma!

Eu poderia dizer que fiquei triste ao assistir Bloodshot, mas não seria verdade. Fiquei triste logo que conferi o primeiro trailer, que já apontava um filme genérico, sem alma, não fazendo jus a um personagem que gostei tanto de publicar no Brasil. Ou talvez tenha notado o potencial para o desastre antes mesmo do início das filmagens.

A trama por trás do anti-herói é bem simples, verdade seja dita, e até pouco original, lembrando demais as origens de Wolverine. Bloodshot é um supersoldado com implantes de memória que se volta contra o projeto que o criou. Ponto. Não parece grande coisa mesmo, mas a Valiant conseguiu fazer dele um de seus mais interessantes personagens.

E isso torna o filme um produto ainda mais inferior, pois pega todos os clichês e nada do ritmo que fez a HQ funcionar. É um filme de ação genérico. Não mudaria nada ter outro nome, já que a história do personagem não anda quase nada, seu visual mal é utilizado e o tão esperado universo compartilhado da Valiant simplesmente não acontece. O plano da Sony e da editora era lançar um filme de Harbinger depois de Bloodshot, para então unir as duas franquias nas Guerras Harbinger. Antes mesmo do lançamento de Bloodshot, as coisas mudaram e Harbinger foi para a Paramount, acabando com os sonhos dos poucos, mas fiéis fãs da Valiant.

É um tanto difícil apontar qual o maior erro da produção. Escalar o nada carismático Vin Diesel como protagonista não ajudou em nada. Bloodshot acaba sendo mais um entre tantos personagens iguais na carreira do “ator”. Talvez um diretor firme conseguisse tirar algo dele, mas Dave Wilson fez sua estreia como diretor aqui, tendo experiência apenas com efeitos visuais de games. Experiência que parece não ter valido de nada. Bloodshot até tem algumas boas cenas de ação, mas a qualidade dos efeitos é flutuante. Alguns competentes, outros terríveis, mas nenhum marcante.

O elenco de apoio tem poucos destaques. Guy Pearce está canastrão, o que até cai bem para seu personagem, o cientista Emil Harting, mas isso ao mesmo tempo nos remete ao polêmico Homem de Ferro 3. Lamorne Morris é provavelmente o melhor em cena como outro cientista, Wilfred Wigans, um personagem cheio de clichês (como todos os outros do filme), que solta frases de efeito e tiradas o tempo todo, nem todas funcionando. Ou seja, o personagem que não é grande coisa, que nada tem de novo, consegue ser o melhor do filme. Más notícias, não é?

O roteiro tem alguns furos graves, com desdobramentos pouco plausíveis dentro das regras que o próprio longa estabelece, além de diversos elementos que são jogados e não desenvolvidos. Havia um potencial ínfimo, que não foi aproveitado.

Muito se fala que o gênero super-heróis está se esgotando. Discordo, e nem sei se Bloodshot se encaixa realmente no gênero. De qualquer modo, independente do gênero, o problema aqui é bem óbvio: desde a pré-produção ficava claro que se tratava de um caça níquel sem originalidade alguma, que pega apenas o nome e alguns poucos elementos da HQ para tentar aproveitar a onda de adaptações. Esse tipo de filme, com clara intenção de não ser uma produção bem trabalhada, seja hoje ou décadas atrás, nunca tem grandes chances de dar certo. E nem merece.

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