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Entrevistamos o desenhista Ron Garney!

Tendo passado por diversos personagens e gêneros em várias editoras, Ron Garney é um dos desenhistas mais ecléticos e talentosos de sua geração. Além disso, tem um pezinho na cultura brasileira, como você verá na entrevista a seguir, elaborada junto dos parceiros de sempre da Mansão Wayne e A Hora Suave, e que escolhemos para inaugurar as novidades de 2021 aqui no site.

Como você entrou no mercado de quadrinhos? Sempre gostou de super-heróis?
Sempre gostei de super-heróis, mas houve um período entre o colégio e a faculdade em que sequer pensei neles. Eu estava mais interessado em música e esportes, etc. Foi meio acidental como eu entrei nisso: um barman com quem eu estava trabalhando em um bico paralelo estava lendo uma edição de Guerras Secretas. Isso desencadeou memórias das HQs que li quando era criança,. Recém-formado e com um amor por cinema, storytelling, desenho e fotografia, isso bastou para despertar meu interesse na época, então corri atrás.

Entre os fãs, talvez o ponto mais alto de sua carreira ainda seja sua passagem pelo Capitão América. Como foi produzir aquelas histórias em parceria com Mark Waid?
Sem dúvidas está entre meus pontos altos, mas as pessoas costumam apontar também outros trabalhos como destaques da minha carreira. Mas trabalhar no Capitão foi provavelmente a primeira vez em que um personagem meu deu aquele click, criativamente falando, que me deixou bastante empolgado. As amostras que me garantiram uma vaga na Marvel foram justamente do Capitão. Trabalhar no título naquela época foi muito revigorante. Os roteiro eram bem abertos, me davam muita liberdade para fazer as coisas do meu jeito, algo pelo qual sou muito grato.

Depois de tanto tempo trabalhando com quadrinhos, ainda existe um lado fã? Quando pega um roteiro legal, ainda fica empolgado ou encara como só mais um trabalho?
Bem, eu tomo bastante cuidado com os projetos que escolho atualmente justamente por esse motivo. A última vez que assumi um projeto envolvendo um personagem que não me empolgava por alguma razão, tudo se tornou um fardo, nada divertido de se fazer.

Sua passagem pelos X-Men não foi tão longa. Com os mutantes novamente fazendo sucesso, você tem vontade de voltar a desenhar a equipe?
Não. Não tenho interesse em nada relacionado aos títulos X, já que não curto revistas de equipe. Eu gosto de fazer personagens solo, onde posso desenvolver um estilo particular.

Como você enxerga a evolução de seu traço dos anos 1990 pra cá e quais foram as influências nesse intervalo de tempo pra resultar nessa evolução?
Hmmm… Bem, a evolução acontece quando você descarta as coisas que não gosta e prioriza as que gosta. Porém, parte da diversão pra mim é essa aventura de tentar coisas novas no meu trabalho. Então, eu simplesmente sigo esse caminho ao invés de fazer um investimento consciente de seguir um estilo. Eu olho para minha arte como se olhasse para uma criança com suas forças e fraquezas, tentando não forçá-la a ser algo que não queira ser. Faço isso com vários painéis e páginas. Se noto algo que naturalmente se sobressaí na arte, só tento alimentar isso, nunca pensando em eliminar algo.

Uma coisa que sempre nos chamou atenção em seu trabalho foi a variedade de temas. Você desenhou tramas mais tradicionais de super-heróis, espionagem, cenários urbanos. Como é se adaptar para temas diferentes?
É divertido! Você não consegue fazer esse trabalho por tanto tempo sem precisar explorar o mundo ao redor desses temas. E você aprende muito através das pesquisas para cada material. Variedade é tempero da vida, certo?

Outro ponto alto de sua carreira foi no Hulk. Você é um dos desenhistas que realmente representa o personagem como um monstro, e não apenas um homem grande. Você realmente tem essa visão monstruosa do Hulk?
O Hulk deve ser monstruoso. Não existe meio-termo.

Algo que você fez pouco foi escrever quadrinhos. Pretende voltar a fazer isso?
Sim, pretendo escrever algo em algum ponto. Normalmente escrevo em parceria, mas escrever e desenhar requerem diferentes níveis de comprometimento.

Algo que só descobrimos recentemente é que você fez alguns trabalhos para o cinema, como Eu Sou a Lenda e O Aprendiz de Feiticeiro. Como foi se envolver com uma mídia completamente diferente?
Foi uma experiência maravilhosa estar no set de Eu Sou a Lenda e explorar esse mundo com o qual eu queria me envolver mesmo antes dos quadrinhos. E confraternizar um pouco com Will Smith também foi muito divertido.

O que você pode falar sobre BRZRKR, o novo quadrinho que está fazendo com Keanu Reeves e Matt Kindt? Teve contato diretamente com Reeves?
Sim, tivemos contato direto e ele é um cara incrível. Mas nossas agendas forçaram mais contato através do meio-campo do editorial para toda a criação do quadrinho.

Algum trabalho novo que possa comentar?
Estou trabalhando apenas em BRZRKR, que está consumindo muito tempo. Além disso, Men of Wrath, minha HQ autoral com Jason Aaron, está no processo de virar um seriado pela Viacom.

Como brasileiros, temos que tocar neste assunto! Você pratica Jiu-Jitsu Brasileiro. Como teve contato com a arte marcial? Pratica com algum brasileiro?
Bem, sempre fui fã de UFC e sempre pratiquei alguma arte marcial durante minha vida. Treinei Boxe, Aikido e Karatê, e depois de um tempo me interessei pelo Jiu-Jitsu. Recebi minha faixa preta de Rafael Formiga Barbosa, que além de brasileiro é um campeão mundial. Já treinei com diversos brasileiros, como Diogo Moreno. Todos são ótimos.

Muito obrigado pela entrevista. Esperamos sua presença algum dia numa convenção no Brasil!
Eu que agradeço! Adoraria estar em uma convenção um dia!

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