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Daniel Azulay ganha exposição!

Se você foi criança entre o final da década de 1970 e o início da década de 1990 deve se lembrar de Daniel Azulay, responsável pela criação da Turma do Lambe-Lambe, um grupo de personagens infantis que protagonizou programas de TV e quadrinhos. O artista também se provou pintor, músico, escritor, ilustrador de livros infantis, apresentador de TV e educador, dedicando grande parte de sua carreira a desenvolver arte e educação para crianças e jovens. E agora ele ganha uma exposição no Museu Judaico de São Paulo. Aberta para o público a partir de 16 de dezembro, a mostra Algodão Doce pra Você! De Férias com Daniel Azulay tem curadoria de Mariana Lorenzi e mergulha na vida e a obra desse artista que coloriu a infância de muitos e deixou um impacto duradouro no panorama cultural brasileiro.

A partir de uma seleção do acervo pessoal do saudoso artista, que hoje está sob a guarda de sua esposa Beth Azulay, a mostra do MUJ pretende não só resgatar sua memória para seu antigo público, mas apresentar seu legado às novas gerações. “Algumas pessoas marcam gerações e esse é o caso do Daniel Azulay. Versátil e com um carisma singular, ele se comunicava de forma transparente com seu público, não subestimando-o. Não é exagero dizer que muitos de seus seguidores começaram a desenhar assistindo aos seus programas”, diz a curadora Mariana Lorenzi.

O Museu Judaico de São Paulo fica na Rua Martinho Prado, 128, aberto de terça a domingo das 10 às 19 horas (exceto de quinta, quando funciona das 12 às 21 horas). O valor de ingresso é de R$ 20, com a meia saindo por R$ 10 e entrada gratuita aos sábados.

Filho caçula de uma família judia, Azulay já mostrava sua irreverência quando pedalava uma bicicleta-traquitana pelas ruas do Rio de Janeiro, em uma mistura de cientista maluco e artista tropicalista. De sua imaginação efervescente surgiu a Turma do Lambe-Lambe, seu maior sucesso. Criado em 1975, o grupo de simpáticos personagens ganhou vida em tirinhas de jornais, gibis, programas de televisão, campanhas publicitárias e muitos outros produtos. Naquele mesmo ano, iniciou sua carreira na televisão, quando a extinta TV Educativa, seguida pela TV Bandeirantes no ano seguinte, começaram a transmitir Daniel Azulay e a Turma do Lambe-Lambe.

Apesar do estrondoso sucesso que a televisão trouxe, a trajetória de Azulay conta também com seu talento no desenho. Autodidata, começou a desenhar ainda criança com as pontas dos dedos, utilizando como superfície vidros empoeirados de carros; aos 12 anos, fez um curso de desenho por correspondência e nunca mais parou de rabiscar. Seu primeiro desenho foi publicado quando tinha apenas 15 anos na seção de palavras cruzadas do jornal O Globo. Apaixonado pelo cartoon estadunidense, inspirou-se nos traços de artistas como Will Eisner e Saul Steinberg para criar seus primeiros personagens. O primeiro foi o Capitão Sol, em 1967, e, no ano seguinte, o Capitão Cipó, um super-herói que estampou diariamente as páginas do Correio da Manhã.

Em 1969, durante uma viagem à Israel para os torneios Macabíadas, ficou fascinado pelas figuras religiosas que encontrou por lá. Desse mergulho surgiu Jerusalém, uma série de ilustrações em nanquim que talvez seja seu trabalho de desenho mais maduro graficamente. Azulay faleceu aos 72 anos em 27 de março de 2020 no Rio de Janeiro, vítima da Covid-19 em um período em que enfrentava uma leucemia.

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