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Abigail: falta equilíbrio no terror com sequestro!

Um grupo um tanto eclético de criminosos sequestra uma criança bailarina, filha de um ricaço. Agora eles precisam passar a noite isolados numa mansão com sua refém, que acaba se revelando uma vampira. Mistura de terror com trama de crime, Abigail é uma obra que transita por um desequilíbrio constante, seja no roteiro ou nas atuações.

O primeiro ponto fraco da produção está na própria estrutura. Mesmo que os trailers entreguem a reviravolta da criança vampira, o filme perde bastante tempo enrolando, fazendo um mistério desnecessário, enquanto parece uma história “normal” de sequestro. Quando a revelação acontece, aí sim as coisa ficam muito interessantes. O humor negro e o gore dominam o segundo ato, com momentos divertidos e sangrentos que fazem o filme valer a pena. Mas as resoluções e reviravoltas da parte final colocam tudo a perder com situações esdrúxulas que quebram o bom ritmo que a produção tinha encontrado até então.

Alisha Weir esbanja cinismo e um doentio carisma como a personagem titular. Entre seus sequestradores, se destacam Joey (Melissa Barrera, de Pânico) e Frank (Dan Stevens, de Legion). Não só os atores mandam bem, como o roteiro desenvolve mais esses personagens, lhes dando boas motivações. Por outro lado, Sammy (Kathryn Newton, de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania) e Dean (o finado Angus Cloud, de Euphoria) são insuportáveis. Não bastasse os personagens representarem com perfeição alguns dos piores clichês do terror, os atores só podem ser definidos como péssimos. Ambos quebram qualquer imersão de cena quando abrem a boca.

Completam o bando Rickles (William Catlett, de Raio Negro) e Peter (Kevin Durand, de The Strain). Tanto personagens quanto atores são competentes e carismáticos, mas com pouco espaço. O mesmo não pode ser dito de Giancarlo Esposito (de The Mandalorian) como Lambert, o organizador do sequestro. Mesmo num filme fraco, com pouco tempo em tela, o ator marca presença.

Os diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett (de Pânico e Casamento Sangrento) já demonstraram que sabem criar boas obras de terror, não marcantes, mas competentes e envolventes. Será que o problema seria com os roteiristas? Guy Busick escreveu Pânico e Casamento Sangrento, mas seu parceiro em Abigail, Stephen Shields, não tinha nada grandioso no currículo. Independente de quem pode levar a culpa, o problema parece claro: Abigail tenta atirar pra todo lado: sequestro, gore, humor negro, suspense, máfia, e acaba não acertando nenhum alvo. O potencial está ali, como mostra o segundo ato, mas ele poderia ter sido plenamente alcançado se a linha narrativa fosse mais linear.

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